Vida de casada...

Tenho a dizer que de todas as experiências vividas a mais surpreendente foi a de casar.
Eu sempre fui uma solteira convicta. Adorava ser solteira, adorava a liberdade de ir e vir, chegar em minha casa na hora que eu quisesse sem dar satisfação a ninguém, pendurar minhas calcinhas no banheiro, deixar a geladeira vazia, enfim...adorava ser eu e eu nunca estava sozinha de verdade, mas uma belo dia apareceu um príncipe. E o beijo dele realmente me tirou de um sono profundo e, de repente, mesmo tendo minha profissão muito bem posicionada na minha vida, eu que já morava sozinha há anos me senti pela primeira vez: DO LAR!
É por essas e outras que resolvi mudar minha posição neste blog, talvez para que a maioria das pessoas que foram solteiras felizes e hoje são recém-casadas felizes não se sintam terríveis por se machucar ao cortar uma batata ou não conseguir encaixar perfeitamente todas as peças daqueles novos liquidificadores super modernos e que, exatamente por isso, não funcionam se você não for engenheira mecatrônica.
Me dedicarei a escrever pequenas estórias que acontecem no meu dia a dia de recém-casada e que me causam alegria, vontade de chorar, mas tristeza...nunca.
Tenho 29 anos e sou independente financeiramente há muito tempo e, talvez por isso seja tão difícil conviver sob o mesmo teto com alguém com quem eu não tenha laço sanguíneo, mas a verdade é que estar com alguém que realmente gosta de você, acaba nos animando a darmos o melhor de nós e, o melhor de mim esta semana foi uma torta de atum.
Peguei a receita por e-mail com minha irmã que é outra negação na cozinha, mas a torta dela fica boa de verdade – dou o braço a torcer. Na receita dizia um copo de leite, mas só tomamos leite Molico, daí foi substituído por duas colheres de sopa de Molico e 300ml de água. A farinha que eu tinha em casa já tinha fermento, daí nem me liguei nesta parte da receita e mandei bala. O recheio exigia 4 tomates sem pele, sem sementes e picado. Porra. Pra que isso? Tudo bem, aprendi na net: corta os fundilhos do tomate em X coloca na água fervente e depois mergulha em uma vasilha com água e gelo – é só puxar que a casca cai – show de bola, mas cuidado com o choque térmico(senti um pouco de dormência nas pontas dos dedos). Piquei o tomate, piquei azeitona(não existe nada mais chato), piquei palmito, joguei o atum, misturei essa parafernália toda, untei uma forma pela primeira vez na minha vida, despejei a massa, coloquei o recheio e afundei tudo com a mão. Foi exatamente na hora em que eu estava literalmente com a mão na massa que o celular tocou e era o senhor meu marido dizendo que sairia para um chopp com um amigo aniversariante. Se me permitem: porra! Mas ok, já estava quase pronta e descobri que o dourador do forno acende na parte superior interna do forno, eu já estava quase ligando pra Electrolux pra dizer que aquela merda não funcionava, mas funcionou e a torta até que ficou bonita e até que ficou gostosa. Alguém aí além de mim não sabia onde ficava a chama do dourador? Comi um pedaço e deixei um post it em cima da torta com os dizeres: Espero que você prove um pedaço e venha me dar um enorme beijo na cama dizendo que nunca comeu algo tão delicioso na sua vida. E ele assim o fez: beijou-me e disse que estava deliciosa e que tinha comido três pedaços, mas claro, teve um comentário: “Você devia ter deixado o tomate com casca: é na casca que fica a maior concentração de vitamina!”

Casar é legal.

Pratique a gentileza